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A brincadeira e seus significados (Aula 3)


-A significação das coisas é fruto de disputas de poder para determinação simbólica de determinada referência no processo cultural. -A brincadeira não é só para as crianças, envolve liberdade e espontaneidade, a aprendizagem é horizontal, se dá através da repetição e pode ser sazonal. Elas devem ser o mais livre possível, deixando as crianças conduzi-las, desde que não machuquem ou humilhem, e caso haja algum problema, o educador deve estar ciente e criar condições para solucioná-lo. -As brincadeiras são práticas culturais. Essas circulam entre as crianças. Muitas vezes, as regras são reformuladas e ajustadas a situações diversas. Essa prática tem característica universal e diversa. É uma cultura transmitida de geração em geração. -A brincadeira, por ser, em determinados casos, específica (quanto às regras e a forma de brincar de determinadas estereotipias) e também por tomar formas adaptadas e universais, ou seja, idiossincrática ou universal, é dialética no campo bio-psico-social. -A criança é agente de transmissão, elaboração e recriação das brincadeiras. A heterogeneidade de idade nas relações permite o aprendizado de diversas brincadeiras. - A brincadeira desenvolve e trabalha vários aspectos físicos, cognitivos, porém a pedagogização dessas atividades nem sempre é possível e nem sempre tem que ser. - Elementos motivacionais para as brincadeiras podem vir a ser a competitividade, pois sem esse fator a brincadeira pode perder o sentido ou ser considerada monótona. Outro fator pode ser o medo lúdico em brincadeiras de fuga, perseguição, entre outras. - Nem todas as brincadeiras são positivas e boas, existem as que humilham, machucam, maltratam. - Segundo Bruner, 1976, citado por Carvalho, brincar é aprender as relações em situação protegida, é uma forma de exploração social. Segundo a autora, observar o brincar traz mais reflexões do que psicologia do desenvolvimento: ensina sobre a natureza do humano e sobre a profunda imbricação entre evolução cultural e evolução biológica. -Segundo Neira, a vertente reguladora (de conotação pedagógica para as brincadeiras) e tecnicista (que atribuem às brincadeiras o desenvolvimento de comportamentos cognitivos, afetivos, sociais e motores nas crianças a serem alcançados em situações lúdicas) têm sua ênfase na atividade prática. - Hoje, muitos educadores ainda concebem a brincadeira como estratégia didático-pedagógica. O brincar é uma transformação da realidade, implica em decisões, procedimentos, regras e conteúdos socializados com os demais, se o professor a propõe, ele pode interferir no processo livre de formação do sujeito na vivência social lúdica. A brincadeira só de fato brincadeira se é de livre escolha da criança. “o caráter incerto e aleatório da brincadeira inviabiliza a definição a priori de conteúdos a serem ensinados, algo exigido pela educação escolar”, Neira, M.G. -Uma Brincadeira conduzida pelo educador pode não estar inserida no campo cultural da criança e assim, dificilmente os brincantes serão incitados a pensar a sociedade através dessa experiência. A atividade deve respeitar a cultura lúdica infantil, compreendendo que o brincar é importante para a criança. -Ao professor é necessário “ter coragem de, nas atividades escolares, problematizar junto às crianças as brincadeiras que conhecem, para então, pedagogicamente, socializá-las, ampliando o repertório cultural do grupo”. Neira, M.G. -A brincadeira deve ser vista como artefato cultural, dimensão simbólica presente nos significados compartilhados por um determinado grupo, prática social. - Respeitando o aparato cultural das brincadeiras conhecidas pela comunidade escolar, o educador pode mapear estas informações e à partir delas, questionar: O que é necessário para usufruir dessa prática corporal? É possível extrair “elementos educativos” e articulá-los com o projeto político-pedagógico da escola? Quais modificações devem ser implementadas a fim de ressignificar as brincadeiras identificadas? De que forma? Onde podemos vivenciar essa prática? Como? -“Ao trabalhar com as brincadeiras impregnadas na cultura, professor e crianças lidarão com questões referentes aos papéis de gênero, classe e etnia, podendo, mediante a reflexão e o diálogo, desmistificá-los. Os incômodos percebidos não podem ser menosprezados. É importante discutir com as crianças o que leva as pessoas a pensar de uma forma ou outra” Neira, M.G. - Na prática, deve-se, segundo Neira: pesquisar o universo da cultura lúdica da comunidade, problematizar as brincadeiras, vivenciar as brincadeiras, intercambiar representações sobre as brincadeiras, aprofundar e ampliar os conhecimentos sobre as brincadeiras

Textos: “Brincadeira é cultura”. Carvalho, A.M.A. et all, NEIRA, M. G. “As brincadeiras na escola”, “Orientações Didáticas” e “Relato de Experiência”. In: Práticas corporais: brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. São Paulo: Melhoramentos, 2014. p. 33-55.


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