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Brincadeira

Na aula do dia 07 de Abril, foi possível aprofundar, ainda mais, as vivências corporais, sob a perspectiva de uma educação cultural.

Ao mesmo tempo em que experimentávamos diferentes brincadeiras, propostas pelos grupos de colegas, íamos, também, nos apropriando da forma como as práticas corporais podem ser trabalhadas nas escolas.

Primeiramente, executávamos a brincadeira conforme a proposição do grupo e, em seguida, os participantes ficavam livres para propor alterações e adequações que se achassem necessárias. Essas propostas poderiam visar que a vivência ficasse mais dinâmica, mais desafiadora, que conseguisse envolver a participação de mais colegas ou, simplesmente, para torna-la mais divertida. Dessa maneira, foi possível vivenciar o que Neira propõe, ao afirmar que



"cabe à instituição educativa organizar e desenvolver situações didáticas que possibilitem uma profunda compreensão sócio-histórica e política do patrimônio cultural corporal disponível, visando alcançar uma participação crítica, intensa e digna na esfera pública por todos os sujeitos" (NEIRA, 2014, p. 19)



Possibilitar que os próprios participantes modifiquem a brincadeira, criando novas regras, e, em seguida, promover discussões que possibilitem uma reflexão sobre as consequências das mudanças propostas, permitem que os sujeitos atuem criticamente, de maneira democrática e digna.

Ainda nessa aula, foi proposto que nos dividíssemos em grupos, para brincarmos de “pular elástico”. Nesse momento, aqueles alunos, dentro do grupo, que já haviam alguma experiência corporal com tal brincadeira, espontaneamente passaram / demonstraram, aos demais, seus conhecimentos prévios, para que todos pudessem, então, experimentar.

Após esse primeiro momento, houve o intercâmbio de experiências com alunos de outros grupos, que compartilhavam diferentes movimentos realizados, em diferentes níveis de dificuldade. Foi interessante notar que, quando um integrante apresentava alguma dificuldade, o próprio grupo intervia, dando dicas ou mesmo auxiliando para que o outro conseguisse concluir os movimentos.

Nesse sentido, tal vivência corporal se distancia bastante das práticas esportivas convencionais, em que o que prevalece a competitividade, em detrimento a atingir um objetivo comum ao grupo. Além disso, ficou muito evidente o quão rico é a interação com os pares.

Para finalizar a atividade, foi-nos apresentado o livro “Brincadeira e Cultura: Viajando pelo Brasil que brinca”, especificamente o capítulo que versa sobre o “pular elástico”. Cada grupo, então, se organizou para socializar os conhecimentos apresentados livro – que trazia diversas e desconhecidas formas de se brincar com o elástico – e, paralelamente, para tentar colocar em prática os novos movimentos. Assim, foi possível experimentar um pouco da “Educação Física culturalmente orientada” onde tivemos a oportunidade de analisar, ampliar e conhecer mais profundamente o próprio repertório cultural corporal, como também acessar os códigos de comunicação utilizados por diversas culturas, por meio da variedade de práticas corporais existentes (NEIRA, 2014, p. 20).

Outra temática que ganhou espaço durante a aula foi em relação ao vestuário, ou o que se considera ideal para a prática de atividades físicas. É ainda consenso entre muitos professores, atuantes nas redes públicas e privada de ensino, que se deva haver uma obrigatoriedade no uso do uniforme (camiseta, calça de moletom e tênis) para a participação nas aulas de Educação Física, ou seja, se o aluno estivesse sem qualquer um dos itens, ele automaticamente seria excluído da atividade.







Cabe dizer, inclusive, que muitas de nós concordávamos com esse posicionamento, já que o discurso que se reproduz, para legitimar essa exigência, é o do zelo pela “segurança e bem-estar da criança”. Contudo, o que vimos na vivência da última aula foi exatamente o oposto: pessoas de diversas idades e gêneros, vestidos com as mais variadas roupas e calçados (incluindo saias, vestidos, calça jeans, botas, sapatos, chinelos – itens geralmente abolidos em um ambiente escolar) e realizando as práticas propostas (correndo, sentando no chão, agachando, pulando elástico, etc.).

E o que essa experiência nos mostrou é que, ao impedirmos o aluno de participar de uma proposta, devido à sua vestimenta, não lhe damos a oportunidade de refletir sobre a própria prática corporal e o quanto esse vestuário impacta, ou não, seu desempenho na atividade, pois ele nem mesmo a experimentou. Em outras palavras, percebendo que determinada roupa ou calçado lhe deixou desconfortável durante uma prática corporal, certamente, na aula seguinte, o próprio aluno escolherá com mais cautela o que vestir, sem que haja uma regra pré-estabelecida para isso.

Dessa forma, vimos que a prática da Educação Física culturalmente orientada permite uma experiência mais ampla e intensa com os nossos próprios corpos, bem como, com tudo que os permeia – seja o ambiente, as demais pessoas ou o que se veste – aprofundando, consequentemente, a nossa capacidade crítica e analítica em relação às vivências.


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