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Dança e Cultura


A vivência do dia 07/08 teve como objetivo apresentar para nós, futuros professores, uma das possibilidades de trabalho com dança em sala de aula. Havíamos estudado, na aula teórica sobre dança, duas maiores possibilidades do ensino de tal prática corporal. A história clássica, ligada esta a cultura Ocidental, principalmente européia, que pode ser dividida em três períodos históricos: balé clássico, balé moderno e dança contemporânea; e as outras possibilidades de histórias, a qual vimos quatro danças diferentes: forró, dança dos orixás, maracatu e frevo. Para tal vivência iríamos experimentar uma abordagem da dança contemporânea. Os professores dividiram a turma em 8 grupos, para cada grupo foi sorteado uma fotografia do fotógrafo Sebastião Salgado, de sua obra Êxodos, importante destacar que no momento que recebemos o retrato, não sabíamos qual das fotos haviam sido distribuídas, nem o autor e o álbum do qual foram retiradas as fotografias. A partir de tal imagem o grupo deveria elaborar e executar uma coreografia, podendo ou não ter uma música a nossa livre escolha. Tal apresentação precisava representar a fotografia, da maneira como o grupo a lesse. Nosso ponto de partida foi a foto abaixo


Interpretamos a imagem como uma manifestação de trabalhadores rurais ligados ao MST, devido as foices que estão carregando e a postura, com a mão erguida com o punho fechado. Percebemos também que estão todos entoando um grito ou canção, devido a suas bocas abertas. Todos estão virados para o mesmo lado, possibilitando entendermos que tal postura de “luta” está direcionada a um agente em comum.

A partir de tal leitura, passamos a refletir sobre uma música que representasse tal movimento e a batalha pela distribuição de terras. Escolhemos a música Carcará, de João do Vale e José Cândido. Canção essa que nos possibilita refletir sobre os dois lados da faceta sobre a luta por terras do Sertão. De um lado, o dono de terras que com sua violência devasta tudo aquilo que vê, com o objetivo do lucro sem fim. Por outro, a determinação e coragem dos trabalhadores, que luta por sua existência e direito ao alimento e trabalho.

Para a dança, rapidamente pensamos no samba de coco. Essa manifestação tem diferentes histórias, porém uma das mais conhecidas diz que a dança surge em

comunidades sertanejas que utilizavam do passo forte do coco para bater o chão de barro, onde construíram suas moradias em seguida. Achamos próprio a utilização de tal passo para caracterizar a militância dos trabalhadores, que ocupam terras não utilizadas pelo grandes ruralistas, para construir suas moradias e vida.

A partir da definição de qual o estilo que dançaríamos, e a música, passamos a criar uma narrativa que ilustrasse o movimento dos trabalhadores sem terra (MST). Uma de nós iria interpretar o poderio de terra, que no primeiro movimento pega a terra para si, em seguida parando para impedir a passagem dos trabalhadores, que avançam no passo do coco. Após a apropriação de terras, os trabalhadores ocupam a terra, nesse momento decidimos representar a apropriação com momentos da vida, como a plantação, a escola, a cozinha e o nascimento de uma criança. Assim, após um período de ocupação, volta o representante dos ruralistas, com um movimento característico da Tropa de Choque de são paulo, batendo em seu escudo. Com esse movimento buscamos representar a violência com a qual os movimento é repreendido através das forças policiais e militares. Para finalizar, mesmo após a reapropriação das terras, os trabalhadores voltam a avançar, assim demonstrando a determinação e perseverança de tal organização.

Observando tanto nossa apresentação, quanto a apresentação dos outros grupos, percebemos a presença da narrativa em todas as danças, que utilizavam a somatória da dança e da música para assim contar o que estava ocorrendo em suas fotografias.

Outro fator que nos chamou atenção, e que foi destacado pelo professor ao final da aula, durante uma conversa. As fotografias, em sua maioria, apresentavam situações de populações em êxodo, como era a proposta de Sebastião Salgado, assim como em sua grande maioria eram fotos duras, que demonstravam situações de miséria ou de luta. As músicas das maiorias dos grupos, assim como suas performances, dialogavam com tal dureza. Movimentos e narrativas de desapropriação, com ritmos que representavam, de alguma maneira, sofrimentos.

O objetivo, como destacado pelo professor, era nos apresentar uma possibilidade que conceituasse a música e dança em seu contexto social, proporcionando fontes de debate e discussão a cerca de opressão. Percebemos então a possibilidade da utilização da dança em sala de aula como desencadeador de uma série de reflexões sobre diversas temáticas, tirando a dança de apenas ilustrar momentos de comemoração e celebração.


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